A travessia irregular de fronteiras é uma realidade enfrentada por milhares de pessoas todos os anos, em busca de oportunidades, segurança ou reencontro com familiares. No entanto, por trás dessas jornadas muitas vezes desesperadas, existem redes criminosas especializadas no transporte ilegal de migrantes — os chamados coiotes. Atuam em rotas perigosas, cobrando altos valores e submetendo seus “clientes” a riscos extremos.
O termo “coiote” é usado para definir indivíduos ou grupos que lucram com o transporte clandestino de pessoas, especialmente entre países da América Latina e os Estados Unidos. Esses atravessadores prometem caminhos seguros e rápidos, mas a realidade costuma ser outra: jornadas longas em veículos superlotados, caminhadas exaustivas por desertos, ameaças constantes, sequestros e até abandono em regiões inóspitas.
As rotas operadas pelos coiotes envolvem corrupção de agentes, documentos falsos e muitas vezes ligações com outras redes criminosas — como tráfico de drogas e exploração sexual. Há relatos de migrantes que, incapazes de pagar o valor combinado pela travessia, acabam sendo forçados a trabalhar em condições de escravidão para quitar dívidas. Outros simplesmente desaparecem no trajeto.
Relatórios da Organização Internacional para as Migrações (OIM) apontam que milhares de pessoas morrem todos os anos tentando atravessar fronteiras de forma irregular. Só na rota entre México e Estados Unidos, estima-se que mais de 800 migrantes tenham perdido a vida em 2023, seja por desidratação, acidentes ou violência. E esse número pode ser ainda maior, devido à subnotificação.
A ilusão de uma travessia fácil é alimentada por redes sociais, vídeos no TikTok, promessas em grupos de WhatsApp e supostos “guias” de sucesso. Essas estratégias de aliciamento são parte do negócio dos coiotes, que vendem uma ideia distorcida de acesso rápido a uma nova vida. Na prática, a travessia se transforma em um campo minado, onde o migrante não tem controle e corre o risco de perder tudo — inclusive a vida.
Além disso, quem chega aos Estados Unidos de forma irregular enfrenta dificuldades para conseguir trabalho digno, vive sob constante risco de deportação e pode ser explorado por empregadores que se aproveitam de sua condição vulnerável. A travessia, portanto, não representa o fim dos perigos — é apenas o começo de um novo ciclo de insegurança.
Para romper com esse modelo, é essencial fortalecer a conscientização. Informar sobre os riscos reais da travessia com coiotes é uma forma de proteger vidas e enfraquecer essas redes criminosas. Compartilhar histórias, denunciar aliciadores e apoiar iniciativas de orientação migratória são ações concretas que todos podem realizar.
A esperança por uma vida melhor jamais deve ser explorada como mercadoria. Nenhum destino vale o preço da dignidade, da liberdade ou da própria existência.